apresentação

Resumo:

Acervos e Pesquisa Digitais é um Projeto Temático financiado pela FAPESP na chamada LinCar. Seu objetivo é desenvolver metodologias e um repertório teórico-conceitual para coleções de museus e documentos digitais, por meio da conceituação e prototipagem de interfaces acessíveis e economicamente sustentáveis. Neste site, são registrados os resultados da pesquisa, publicações da equipe e outras informações do projeto, que tornam públicos os dados das investigações em andamento.

Objetivos:

Este projeto tem por objetivo desenvolver metodologias e repertório teórico e conceitual para acervos digitais, por meio da conceituação e prototipagem de interfaces acessíveis e economicamente sustentáveis. Abrange três eixos investigativos: (1) as bases de dados e suas correlações com estruturas de arquivo, pensando em suas implicações para catalogação, conservação, preservação e acesso; (2) os sistemas de gestão, observando-se as formas de manejar os documentos digitais; (3) os objetos nato-digitais, considerando as diferentes naturezas dos documentos, suas formas de acesso, visualização e preservação de lógicas e linguagens. Esses três eixos são tratados de forma integrada, visando modelar conceitualmente as formas de organização, representação e disseminação da informação, consolidando um conhecimento que possa orientar tanto novas pesquisas, quanto ações institucionais ou independentes. 

A colonialidade dos arquivos e o datacolonialismo das redes

A pesquisa está alinhada com o debate contemporâneo sobre a colonialidade dos arquivos e instituições de memória. Esse debate enfatiza a necessidade de questionar os acervos, levando em conta sua multiplicidade e diversidade temática e documental. Também pressupõe a análise crítica das instâncias de produção, circulação, armazenamento e acesso no contexto digital. Nessa direção, a investigação proposta tem como um dos seus desafios o debate sobre o colonialismo dos dados e as formas pelas quais algoritmos proprietários impactam o acesso aos conteúdos, tendendo a fortalecer narrativas hegemônicas sobre a história e a cultura. 

Não menos importante, em nossa discussão, é a formulação de metodologias sustentáveis, que impliquem infraestruturas de baixo consumo de bandas de conexão. Para tanto, o projeto pretende operar a partir de redes semânticas, análises de metadados e visão computacional, investindo em modelos de inteligência artificial (IA). Tais modelos de IA são desenvolvidos privilegiando formas de catalogação automatizada, com tecnologias de visão computacional e acesso aos conteúdos por meio do fomento a curadorias feitas pelo público. Com isso, pretende-se expandir as camadas de informação dos acervos digitais, otimizando o potencial de inteligência distribuída das redes, com base em tecnologias voltadas para a extração de grande volume de dados.

Repensar os modelos tradicionais de catalogação

A pesquisa fundamenta-se no conhecimento transdisciplinar e partiu dos acervos digitais de três instituições: a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design da Universidade de São Paulo (FAU-USP), o Museu de Arte Contemporânea da mesma universidade (MAC-USP) e o FILE (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica). Com o desenvolvimento do projeto, consolidamos o pressuposto de que a reflexão sobre arquivos digitais implica problematizar os modelos tradicionais de catalogação.

Da documentação social aos arquivos que não existe (ainda!)

Isso significa potencializar as características dos objetos digitais disponíveis online, explorando tanto as informações intrínsecas ao documento digital, como as atreladas à sua codificação, quanto as externas, como as instâncias a que ele está relacionado nas redes. Assim, este projeto assume que documentar, nos dias atuais, é questionar a lógica de um repositório digital estático. Propõe, por isso, pensar em ecossistemas de organização dinâmicos, capazes de contar outras histórias além do cânone oficial.Isso não se faz sem reconhecer pelo menos dois grandes desafios: as lógicas algorítmicas que reproduzem e dão novas dimensões a preconceitos e discriminações presentes na sociedade, por um lado, e a necessidade de pensar a catalogação de uma documentação por fazer, como as das cosmovisões indígenas e as dos agentes não humanos.

Isso implica também instrumentalizar as IAs para desmontar estruturas colonialistas que são subjacentes ao museu e ao arquivo. Nessa direção, passamos a orientar nossos protótipos e reflexões teóricas para produzir, com bancos de dados abertos disponíveis online, a geração de arquivos que não existem, tratando os conjuntos a partir de suas interlocuções com a arquitetura, a arte e o design. Resultados esperados, e em curso, de nossas investigações são: a) a produção de discursos críticos sobre arquivos digitais; b) a integração de documentos dispersos por meio de recursos de visão computacional, a partir de plataformas abertas; c) a consolidação de protótipos com soluções em código aberto que fomentem outras iniciativas de pesquisa.

Eixos investigativos

  • Gestão pensada a partir da noção de desenvolvimento de sistemas de IA Generativa

Desafios

  • Equilibrar a organização dinâmica de conteúdo cultural e a intervenção editorial em sistemas automatizados
  • Refletir sobre a catalogação de documentação ainda a ser feita
  • Visualizar conexões entre camadas internas dos arquivos

Equipe

A equipe é composta por pesquisadores que atuam e enfrentam problemas nessa área há mais de uma década, no âmbito de pesquisa, produção e circulação de objetos digitais em artes, arquitetura e design.