A FORÇA DE SER O QUE SE É

Destaques da exposição “Ney Matogrosso” no MIS

A exposição “Ney Matogrosso” está aberta ao público no MIS (Museu da Imagem e do Som). Nós do Acervos Digitais e Pesquisa tivemos o prazer de mergulhar na poética queer do ícone brasileiro. O museu vivo faz um percurso cronológico pela obra do artista, passando por cada década de sua atuação na frente dos palcos – desde a estreia como vocalista do grupo “Secos & Molhados”, até seu mais recente projeto “Nu com minha música”. 

A mostra, dividida em seis áreas, exibe centenas de elementos têxteis como figurinos, adereços de shows e clipes, além de documentos, capas de álbuns, pôsteres e CDs. Além disso, há trechos de uma entrevista concedida por Ney Matogrosso ao programa Notas Contemporâneas, do MIS, na ocasião dos 45 anos do museu. O acervo reúne fotografias emblemáticas, de todas as fases do artista, em obras de Madalena Schwartz, Thereza Eugênia, Ary Brandi e Daryan Dornelles. 

A curadoria é assinada pelo diretor-geral do MIS, André Sturm, o projeto expográfico é dos arquitetos Juan Cabello Arribas e Viviane Sá e os textos da exposição foram compostos pelo jornalista Julio Maria. A exposição tem parceria do SENAC e apoio da Paris Filmes.  

Dois pontos da exposição nos chamaram a atenção: a subversão do imaginário cisheteronormativo presente no trabalho do artista e o combate às opressões impostas pela ditadura militar. Nesse sentido, Ney Matogrosso causava um encantamento em homens e mulheres; em jovens, adultos e maduros. A cada disco lançado ocorria um novo show, com novos personagens e figurinos. O artista é considerado um encantador de plateias devido à potência de sua performance. 

Ney Matogrosso tornou-se um símbolo de inspiração e resistência, atravessando tempos que derrubaram muitos ao redor. “O pai o negou nos anos 1950, a Igreja o rejeitou nos 1960, a ditadura o perseguiu nos 1970, a aids o enlutou nos 1980, gravadoras o rejeitaram em 1990 e a homofobia recrudescida como política de Estado o rondou no novo milênio”, palavras de Julio Maria, autor de Ney Matogrosso – a biografia. 

Dessa forma, Ney Matogrosso surgiu como uma explosão de um animal interno que nem o pai militar conseguiu reprimir. Já foi o bicho-ave, o homem das cavernas, o bandoleiro, o libidinoso, o indígena, o austero e o Carmen Miranda, tudo isso existiu porque sua voz sustentava tudo. O acervo dedicado à arte de Ney Matogrosso nos convida a viver a experimentação, o novo e a romper com padrões impostos – quer seja de gênero, de sexualidade ou de idade. 

CONHEÇA

Ingresso à venda em: